M'hamed Issiakhem

M'hamed Issiakhem (em cabila: Mḥemmed Isyaxem), nascido em 17 de junho de 1928 em Taboudoucht na Argélia e falecido em 1 de dezembro de 1985 em Argel, é um pintor argelino, representante da pintura moderna na Argélia. Passou a infância em Relizane, foi lá que, em 1943, manuseou uma granada, recolhida num acampamento militar americano, cuja explosão provocou a morte de duas das suas irmãs e de um sobrinho. Após dois anos de internação e diversas operações cirúrgicas, seu antebraço esquerdo foi amputado. No final da década de 1940, M’hamed Issiakhem matriculou-se na Sociedade de Belas Artes de Argel. Até 1951, o aluno do miniaturista Omar Racim frequentou cursos na Escola de Belas Artes de Argel antes de conhecer Kateb Yacine. Em Paris, onde conheceu o autor de Nedjma, M’hamed Issiakhem expôs na galeria André-Maurice e ingressou na École supérieure des Beaux-Arts de Paris. Bolseiro da Casa de Velázquez de Madrid em 1962, preferiu regressar à Argélia - independente desde julho. Novamente na companhia de Kateb Yacine, ingressou no diário republicano de Alger, onde passou dois anos como cartunista. Mais tarde professor de Belas Artes de Argel e Oran, o artista realizou inúmeras exposições na Argélia e no estrangeiro antes de receber o primeiro Simba de Ouro de pintura, uma distinção da Unesco para África, apresentado a Roma em 1980. Kateb Yacine declarou ter " visto, mais de uma vez, terminar uma pintura em poucas horas, apenas para destruí-la de repente, e refazê-la novamente, como se sua obra também fosse uma granada que nunca terminava de explodir em suas mãos.” M’hamed Issiakhem morreu em 1º de dezembro de 1985 em Argel, após uma longa doença. "Diante da sua pintura", escreve o sociólogo Benamar Mediene, "Issiakhem é o desconcertante, o paradoxal, o demiurgo irreverente, que, na sua lucidez profética, engole pólvora e acende um cigarro. A arte, para ele, é sempre um risco que envolve a própria existência de quem o assume”. Escritor, activista e antigo editor-chefe da revista literária La nouvelle critique, Jacques Arnaud recebeu uma oferta de um quadro de M'hamed Issiakhem, enquanto trabalhavam num número especial dedicado à literatura argelina. Intitulada "Argélia 1960", a obra foi criada em 1960. Tendo falecido em 2008, Jacques Arnaud desejou doá-la a um museu argelino e encarregou a associação Art et Mémoire au Maghreb de realizar os seus últimos desejos. A pintura, que foi objeto de uma operação de restauro em Paris pela primeira vez graças a uma ação de patrocínio, foi apresentada, numa cerimónia no dia 8 de janeiro de 2017, ao Museu Nacional de Belas Artes de Argel. À margem do 25º aniversário da sua morte, M'hamed Issiakhem dedicou-se a uma vasta exposição de homenagem no Museu de Arte Moderna e Contemporânea de Argel (Mama) que reuniu mais de uma centena de pinturas de coleções públicas e privadas. Para o 30º aniversário do seu desaparecimento, em 1 de dezembro de 1985, a wilaya de Relizane organizou uma homenagem a M’hamed Issiakhem. O Google celebrará o 90º aniversário do nascimento de M'hamed Issiakhem em 17 de junho de 2018, com um Doodle visível na página inicial do mecanismo de busca.